Tuesday, August 22, 2006

“25 ANOS SEM O MESTRE GLAUBER ROCHA”

Hoje é um dia pra se lembrar, há 25 anos o Brasil perdia o seu maior mestre do cinema, Glauber Rocha. Cinéfilo, crítico, teórico e diretor de cinema, escritor (autor do romance Riverão Sussuarana), Glauber comandou o programa televisivo Abertura, transmitido em 1979 pela extinta Rede Tupi, e foi polemista até sua morte, causada por problemas pulmonares, em 22 de agosto de 1981.

Glauber no início dos anos 60, propôs a criação de um cinema brasileiro que mostrasse a miséria da maior parte do povo e que, para isso, utilizasse imagens e elementos culturais das classes exploradas. Tratava-se de uma arte “nacional-popular”, com filmes orientados politicamente realizados em um momento de acirramento ideológico. Ao afirmar que cinema se faz com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, o artista defendia a utilização dos meios de produção artística a serviço da transformação social.

Glauber criou marcos no cinema nacional como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, (1969). Que abordavam temas brasileiros, temas do árido sertão nordestino, temas sobre cangaceiros, coronéis e a eterna luta contra a fome, a desigualdade e a injustiça das leis dos homens.

Com o agravamento da situação política no Brasil, a partir de dezembro de 1968, quando foi promulgado o Ato Institucional 5, Glauber continuou sua carreira no exterior, ao longo da década de 1970. Em Cuba, realizou o documentário intitulado “História do Brasil”; no Congo, dirigiu o longa-metragem “O Leão das Sete Cabeças”, novamente denunciando a exploração causada pelo imperialismo multinacional nos países do Terceiro Mundo, colonizados e empobrecidos.

Na Europa, fez os filmes “Cabeças Cortadas” e “Claro”, participando, ainda, de “Vent D´Est”, de Jean-Luc Godard, um dos cineastas que o inspirou, ao lado do espanhol Luis Buñuel e do italiano Píer Paolo Pasolini.

No final dos anos 1970, com o início da abertura política, Glauber voltou ao Brasil e surpreendeu a esquerda ao elogiar o governo militar. Seu último filme, “A Idade da Terra”, de 1980, um delírio místico sobre o Terceiro Mundo, não agradou à crítica brasileira e estrangeira. À frente de seu tempo, e extremamente hermético, disputou o Festival de Veneza, que premiou “Atlantic City”, de Louis Malle, uma produção mais tradicional.

No início de 1981, o cineasta brasileiro foi viver com a família em Portugal, mas, gravemente doente, só retornou um dia antes de sua morte, deixando o país mais pobre cultural e intelectualmente.

Depois de sua morte o cinema brasileiro nunca mais foi o mesmo, passou por um processo que Glauber odiava, a hollywoodinização dos nossos filmes, começou a decadência, com filmes baseados em romances, com filmes de teor erótico, e o principal tema, que Glauber mostrava, a realidade brasileira foi esquecida, alienando os cinéfilos e dando espaço a massificação do cinema americano.

Muitos acham, inclusive se assistirmos ao filme “Labirinto do Brasil” (2003) um documentário de Silvio Tendler, alguns “amigos” de Glauber dizendo que se ele ainda estivesse vivo, ele também se renderia ao novo cinema nacional, na minha opinião se ele estivesse vivo, mandaria esse diretores pra...pra aquele lugar, uma verdadeira humilhação em que todos os diretores se renderam aos padrões americanos e hoje fazem filmes inúteis e que não colaboram com o progresso e o lema colocado por Glauber...o de mostrar a situação e a pobreza brasileira.

No comments: